quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lisboa, 1904.

Do teu amor, fiz carnaval, me fiz boêmio enquanto pude. Minhas máscaras, seguras, garantidas, estavam cada vez mais às esconsas. Minha expressão tênue, porém faceira, vislumbrava uma sensação correspondente ao desejo e à esperança de te ver iludida, desonrada. Na verdade, minha resistência flutuava sobre tua firme petulância, inenarrável, da minha fidelidade. Pobre de ti. Perseverante, por sinal. Será que a falta do meu panamá, toda noite, te rosnando, te perfumando, não te tornava convencida? Minha ama, nunca duvides dos meus sentimentos, adormeci até as estrelas, para que te deixassem descansar. Mais forte foi a necessidade, meu jardim, fértil, precisava estar sempre florido, nenhuma com teus atributos, tua sensatez, teu aconchego. Artefatos que me faziam pensar e repensar. Já era tarde, teu engano, restituia-me da mais profunda fraqueza, agonizava sob as melancólicas mazelas a que me permiti, mas minha indolente retórica não admitia retratação. Adeus, minha partida não poderia ser adiada, o momento tornou saturadas todas as poucas horas dos meus dias, te ver sofrer, se algum dia destampasse meus traiçoeiros melindres, flecharia meu orgulho e eu não resistiria. Ó meu amor, onde me encontrar, estará comigo teu perfume, tua última palavra, tua dedicação. Levarei com minhas convicções tua sabedoria, quiçá tornarei apto a continuar vivendo. Compreendas que foi a mulher mais feliz do mundo, estarei nas esquinas, bueiros do destino, sempre retendo-te na memória, só esperando o dia da partida.
Do teu eterno,
Conrado.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Proteção inabalável.

Os olhares perpassam o entender. Uns moderados, outros, fazem questão de levá-lo até o calvário, satisfeitos, por sinal. Esse tal de egoísmo venda até tuas ilusões, te envolve numa doce canção, um excelente bailarino. É estranho, o pulso, quase lento, dispara, o menos corajoso, se borra, e acaba cedendo àquela tentação. O odor contamina o ambiente, os outros seres, também egoístas começam a te recriminar, mas não te preocupas, guapissimos, eles também estão contaminados. Se tornar uma ressonância é algo instantâneo, os mínimos detalhes, mesmo obscuros, revelam-se na melhor impressão. Não me espanta o número crescente dos adeptos deste nosso amigo. O egoísmo é raça, é crença, é auto afirmação, é Maria Madalena, é Cleópatra, é o jogo sujo, toda partida merece ao menos um egoísta, e essa trajetória que chamamos de vida, julga-se durante o tic-tac do teu relógio de parede, pelos meios mais egoístas que tu cometeste. O egocêntrico tem o edifício sob seus pilares, mas esse é sensato, neutro, o domínio sacia, tua armadura é o pé na estrada ou a estrada no pé. Ter o mínimo de sensatez para os egoístas e egocêntricos, é questão de saúde, suas hemoglobinas fervem, as hemácias estão no ponto. Quanto mais egoísmo, mais a vida fica recheada, com aquele sabor de caramelo, a parada nele é obrigatória. E é tão compreensivo ser egoísta que não fazemos questão de transformar um túnel em um esconderijo, preferimos fazer arte nele, buzinar, sacudir, ser essencialmente egoísta. Restando do riacho, só o solo rachado, do sorvete, a casquinha. E aquele teu amor, cremado, cinzento, jogado ao vento, de repente é assoprado, e as energias, essas nada egoístas, retornam, como mel no meu paladar, grudado, colado. Transformado. Busquemos o entendimento, desafiemos o egoísmo, olhemos sempre para trás, a avalanche vem descendo, espero que não congelemos na lembrança, como bonecos de neve.

domingo, 27 de setembro de 2009

Orkut.


Um conselho certo.

Um olhar que me passa tudo que eu preciso, que me dá forças, que ilumina meus caminhos e que me traz a certeza de uma amizade verdadeira e de uma vida melhor.

Um cuidado de pai.

Um abraço que me envolve, que me traz o calor do amor puro, do carinho puro.

Uma sinceridade admirável, um homem admirável. Uma saudade imensa que pesa meu coração.

Nosso amor é uma certeza. Nossa amizade uma loucura divertidíssima.

Não sei o que seria de mim sem você, meu amigo!

Te amo(pra todo o sempre).


Livinha - 06/05/2007



O único depoimento que não consegui excluir, apesar de toda minha insatisfação orkutiana. Guardarei para sempre, nossos netos ainda o lerão. Nós nos completamos. Te amo, minha Bim!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Era noite de sexta-feira, chuvosa, o orvalho atacava a minha rinite. Definitivamente percebi que o alternativo não me atrai. Não moverei um fio para sustentá-lo. Talvez seja muito sensacionalismo para um movimento só, estava ficando incomodado a cada "carcará" ecoado. Diferenças, contradições, um verdadeiro "imagem e ação", mímicas e desenhos por todos os lados e a todo momento. Porém, estão todos vivendo em um mesmo paradigma, a lei da moda é o destaque. Oh, destaque! Fluorescência e muita cor. E aquela canção, me perfurando, sem chance ao contraditório, estava em habitat alheio. Deve existir uma necessidade, um motivo, para explicar o mínimo das ações que presenciei. Aliás, simplesmente eles existem. Uhuh, é um sexo, pagode e açaí, mascarado. Um perfeito carnaval. E eu, cá com meus botões, admirando a criatividade do ser humano, és tolo, construindo aquela tragédia, que com certeza acabaria em um anarquismo romântico, sonhando com o dia que o Pierrot chegaria ao governo Cubano. Que Deus não me permita! O estabelecimento transbordava cultura, também só ele, porque este "cult" não conseguiu me sequestrar. E olha que o rei não estava na minha barriga. Conclui, prefiro viver no meu mundinho fechado imprevisível. O poder me fascina, e definitivamente percebi que o alternativo não me atrai, com o perdão da ênfase.
Ser feliz transcende a força dos meus pulsos tão viris. Um simples gesto, um simples sorriso, um abraço, elementos que me são tão únicos, e só poucos conseguem enxergar. Elementos que me conquistam lentamente, aos poucos, como raízes profundas, são essencialmente fundamentais. Um olhar singular, um aperto de mão, uma palavra verdadeira, daquelas que sugam tua alma e arrebatam o que você tem de mais precioso. Ser feliz me faz compreender os outonos de outrora, e os verões tão picantes. Me faz surpreender até os momentos mais previsíveis. Um cadaço, um óculos, detalhes que antes eram despercebidos, aprender me fez mais feliz. O livro tem mais sentido, o cheiro da chuva já adentra como umas das coisas mais saborosas, eu me permiti. Comprei a tal permissão, porque aprendi que sem ele (R$) não posso viver. Sim, minhas peculiaridades me fizeram tão feliz que hoje não consigo me libertar delas, sou um ser com uma única linhagem, um genótipo inigualável. Ah, como é bom respirar os doces dias. Foi me dada a permissão da mudança, e não sei porque soou bem aos meus ouvidos o ponto crucial, o da partida. A coragem, a persistência, a vaidade, fortaleceram meu ser, a base da minha pirâmide foi erguida. Resultados sempre me satisfazem, não importam como e quando venham, mas sempre me agradam. Ser feliz me fez entrar na moda, e dos bastidores, das cochias, consigo ensaiar meu espetáculo. A felicidade era talvez a última folha do trevo, uma das últimas peças do quebra-cabeça, me sinto montado, pronto pra ser enfrentado. Ser feliz foi algo que não pude prever, foi prazeroso, chegou no momento mais BOOM, foi preso com as garras mais afiadas e daqui não escaparão.

"Bebete vãobora,
pois já está na hora
olha que o galo cantou
e o sol vai raia
e você não parou de sambar"
Jorge Ben

sábado, 19 de setembro de 2009

O através
O vies
O sensível
O terrível

O através
O senso
O ridículo
Esdrúxulo, O

E através
Entretanto
O fio
Por um fio,
Embarque,
Balance.
Siga.
Prossiga.

Novembro, 3

3 de novembro. Não, não foi o dia em que resolvi criar isso aqui. Com certeza o 3 de novembro deve ser apagado. Já é 4 de novembro, o calor continua o mesmo de ontem, as situações vividas parecem ter sidos enterradas, creio eu, tentei afundá-las, podem até boiar novamente, mas não terão a mesma força. Talvez hoje sentirei o que vivi ontem, talvez hoje, vou poder sentir a maginitude do que presenciei. E hoje também espero esquecer o que vivi no tal dia 3. Mas como assim sentir e esquecer ao mesmo tempo? Isso, isso, isso, mas vou tentar esquecer se não tocar, vou tentar esquecer sem nem sequer lembrar, apaguei. Subi no ônibus, em direção a academia, desci pela frente, como idoso que me sinto e desceu comigo uma estrela, atravessamos juntos, eu olhando pra ela, tendo certeza que um dia ela iria se recuperar. Entrei na piscina, hoje ela não estava tão quente como dias atrás, não reclamei. Nadei, nadei, nadei, não eu não nadei, o dia não me deixou nadar, repeti os mesmos movimentos que sempre achei chatos, usei até prancha, coisa que eu odeio. O cansaço bateu antes do previsto, tive que parar. Olhei pro lado. Olha quem estava na raia oposta? A mesma estrela que tinha descido comigo do ônibus. Agora acompanhada de muita alegria, a esperança estava em seu sorriso, em sua linguinha que quase não parava dentro da boca. Seu olho brilhava, arranjou logo uma amiguinha, com as mesmas peculiaridades. A piscina parou como nunca tinha visto, todos olhavam e minha inerente sensibilidade, que há muitos meses estava desaparecida, voltou. Parei de repetir os movimentos, parei de viver por esse instante, ou vivi tão intensamente que não percebi. As duas brincavam, batiam pernas e mais pernas. Na borda da piscina se encontravam 2 fãs seus, gritavam, riam, torciam por cada mergulho forçado pela instrutora. Eram seus avôs, coincidentemente ou não, as menininhas sofriam do mesmo problema, dividiam a mesma emoção, compartilhavam o mesmo momento, transbordavam semelhante alegria. Parei pra pensar...pensei...pensei... Como eu queria ser uma daquelas crianças, como eu queria ter transbordado de tanta energia, como eu queria pessoas torcendo, como eu queria ter nadado. Senti falta de meus avós, senti falta do símbolo que a gente é obrigado a carregar como topo. De repente tive que personificar minha família na borda da piscina. E analisei profundamente o momento, me senti meio idiota, mas analisei. Ri só, embaixo da água pra que ninguém me notasse. E percebi que tanto eles como elas estavam vivendo o momento, não tinha como adiar o inadiável, não tinham como esperar pelo quatro de novembro. Sim, no mesmo 3 de novembro tão ardido, eles estavam vivendo. E eu sai da piscina, mandei até beijo para as estrelas e elogiei-as para seus fãs. Faculdade, problemas e mais problemas até o dia acabar, mas findou-se, enterrado. Daqui pra frente o novembro será diferente. E sem esperar, agindo.

sábado, 12 de setembro de 2009

E como se fosse tão engraçado...

É tão engraçado como surgem rapidamente novos rumos, novas vontades, e sempre vontades, aliadas ao desejo intrínseco de mudança. E mais engraçado ainda é que tuas válvulas de escapes sempre foram tão podres, fúteis, incapazes de mudar a ti ou sacudir a humanidade. Tudo sempre continuará como sempre foi, não adianta, a lágrima jorrará no lugar do leite e o samba nunca conseguirá "sambar". Risos fáceis, palavras soltas, tudo muito dissimulado, escrever será mero hobby de covardes. É o jogo meu caro, engraçadíssimo. A função deixará de funcionar e será apenas acessório, e o acessório? Ah, esse reinará... Como aquelas altas gargalhadas que você precisa tanto ouvir pra que não escute a confusão. E nada mais será falso, será sempre verdadeiro, semelhante ao seu último abraço. Lembra? Ria dele vá... O universo te avisou, acolha esses conselhos chulos, e se nada der certo: HIPOTENUSE-SE.